2008-08-02

Pourque Je suis...


É nas alturas de maior desconforto que reparo o quanto cresci...


A insatisfação que parece instalar-se, ao mesmo tempo, parece instigar-me para olhar apenas para fora de mim, como se a cura, a resposta estivesse algures no exterior.


Talvez noutro lugar, a comer qualquer outra coisa, a vestir de outro modo... sei... tudo estaria mais calmo se alguém fizesse aquilo que eu considero ser a resposta para mim. Sim, quem sabe... a resposta pode estar na mão de alguém...


Sinto que vimos todos de um lugar onde tudo é autêntico e simples. Onde sabemos que a nossa resposta se encontra em cada um de nós. Mas, com o passar dos anos, de eras milenares, esquecemo-nos, preferimos fechar os olhos e criar capas que nos iludissem a acreditar que as respostas estão fora, nos outros, noutro lugar, quem sabe bem distante daqui...


Na alegoria do Jardim do Éden, acredito que estavámos num lugar onde não necessitávamos de nada porque nós éramos tudo. Para quê roupas quando sem elas éramos suficientes, para quê invejas se todos tínhamos acesso ao que importava?


A famosa serpente surge como um rito de passagem. Nós tínhamos tudo, não sentíamos necessidade de nada porque não precisávamos de nada. Eramos felizes assim, apenas sendo.


Mas, como seria maravilhoso, sentir-nos, perceber-nos, experienciar-nos... Apenas sería possível com um corpo, com sensações físicas...


A serpente, símbolo do conhecimento, na minha óptica, não nos abriu os olhos, apenas fez-nos ver outro lado da realidade. Abriu o círculo da re-criação. Deu início a uma peregrinação de regresso a casa, ao nosso Jardim.


Desde então, temos caminhado ao longo de milhares de anos de forma a regressar ao Jardim do Éden. Temo-nos recriado das mais diversas formas para voltarmos a ver que não necessitamos de nada porque temos tudo o que precisamos, para ver que somos perfeitos, para re-ver que a resposta reside no nosso interior.


É nos momentos de insatisfação que sei que devo ir para dentro, que devo encontrar-me comigo, quem sabe para falar ou apenas escutar o que me tenho para dizer. Porque lá fora, já eu palmilhei caminhos e escalei montanhas em busca da resposta. Nada do que encontrei me fazia feliz. Até que um dia, de tão cansada de andar, parei para descansar. E, no silêncio, lá estava... A raíz de todas as minhas respostas, a essência.


Temos olhos, é claro, e tudo o que vemos, por ter cor, forma, cheiro, por ser palpável parece-nos mais importante, mas como Saint-Éxupery dizia: "...o essencial é invisível aos olhos..."










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